terça-feira, 22 de setembro de 2009

A questão do trabalho

Oi, pessoal, como todos sabem, o primeiro trabalho do curso não será mais uma resenha e sim uma questão de análise de fontes primárias: um folheto do Universo em Desencanto (fonte 1) e uma matéria do jornal O Globo sobre a Assembléia de Deus dos Últimos Dias (fonte 2). A questão a desenvolver é a seguinte:

Analise as fontes 1 e 2 a partir dos conceitos e das idéias presentes nos textos [1] (Durkheim), [2] Lévi-Strauss e [3] Geertz.

O trabalho deverá ter entre 4 e 5 páginas em espaço 1,5. Data de entrega: 6a. feira, 25 de setembro.

Esquema do texto de Geertz


Oi, pessoal, eis o esquema do texto do Geertz, que estaremos trabalhando nas aulas de 14, 16 e 23 de setembro:

GEERTZ,Clifford. (1989) “A religião como sistema cultural” In: A interpretação das culturas. Rio de Janeiro:Guanabara. Capítulo 4, pp. 101-142. [1ª. ed. do artigo é de 1966, do livro é de 1973]

1. Autor: Clifford Geertz (1926-2006)
- Após participar da 2ª. Guerra Mundial, é beneficiado pela lei que permite aos ex-combatentes cursar a universidade e inicialmente estuda literatura. Acaba por voltar-se para a antropologia e se torna um dos mais importantes antropólogos do século XX, tendo publicado cerca de 20 livros e realizado pesquisas etnográficas na Indonésia, no Marrocos e em Bali. Sua obra mais conhecida é a coletânea de artigos The Interpretation of Cultures, publicada em 1973 e na qual ele propõe uma antropologia hermenêutica ou interpretativa visando alcançar a “descrição densa” de uma cultura, vista como um texto a ser interpretado em busca do significado.

2. Obra (texto) : o artigo em questão faz parte da obra referida acima, mais especificamente da terceira parte, dedicada a estudos de religião. Foi publicado pela primeira vez em 1966.

3. Estrutura do texto

0. Epígrafe: Santayana e a religião como um novo mundo em que viver

I. (101-103) Levantamento da questão: as insuficiências da antropologia religiosa atual e uma proposta de trabalho (estudar a “dimensão cultural da análise religiosa”)
- Crítica à estagnação teórica da antropologia religiosa pós II GM: repetição dos clássicos e falta de interdisciplinaridade
- A proposta de Geertz: trabalhar a “dimensão cultural da análise religiosa”
- Definição de cultura (como sistema simbólico)
- Avanço irá dar-se na medida em que se definirem “significado”, “símbolo” e “concepção”

II. (103-140) A definição de religião, a explicação e exemplificação dos componentes deste sistema
- O paradigma inicial: símbolos sagrados sintetizando o ethos de um povo
- A definição de religião:
“(1) um sistema de símbolos que atua para
(2) estabelecer poderosas, penetrantes e duradouras disposições (moods) e motivações nos homens
p.105 através da
(3) formulação de conceitos de uma ordem de existência geral e
(4) vestindo essas concepções com tal aura de fatualidade que
(5) as disposições (moods) e motivações parecem singularmente realistas.”

- ... um sistema de símbolos que atua para...
 definição de símbolo
 definição de padrões culturais (como fontes extrínsecas de informação)
 modelo de e modelo para
 o homem como animal simbólico (só ele elabora modelos da realidade)
- ... estabelecer poderosas, penetrantes e duradouras disposições (moods) e motivações (motivations) nos homens através da...
 Definição de moods (variam em intensidade, não induzem a nada, são analisadas em termos das suas fontes)
 Definição de motivations (são “qualidades vetoriais” tem um “molde direcional”, analisadas em termos dos seus fins)
 Ex: Dizemos que uma pessoa é diligente porque visa ao sucesso; dizemos que uma pessoa está preocupada porque tem consciência da ameaça de um holocausto nuclear.”

... formulação de conceitos de uma ordem de existência e...
 As duas dimensões dos símbolo religiosos estão inextrincavelmente ligadas, eles só induzem a um ethos (moods e motivations) porque colocam estas disposições num arcabouço cósmico
 Sem os símbolos e os sistemas simbólicos, o homem seria acometido de uma “grave ansiedade” gerada não só pela falta de interpretações mas de interpretabilidade; este caos ameaçaria o homem em três pontos:
i. “limites de sua capacidade analítica” (perplexidade)
ii. “limites de seu poder de suportar” (sofrimento)
iii. “limites de sua introspecção moral” (sentido de paradoxo ético obstinado [i.e. injustiça] )
 Os três desafios propostos pela experiência (perplexidade, sofrimento e paradoxo ético) geram “a suspeita inconfortável (sic) de que talvez o mundo, e portanto a vida do homem no mundo não tenha de fato uma ordem genuína qualquer – nenhuma regularidade empírica, nenhuma forma emocional, nenhuma coerência moral.”
 A religião vai ser uma resposta a este tríplice desafio, sempre da mesma forma: “a formulação, por meio de símbolos, de uma imagem de tal ordem genuína do mundo, que dará conta e até celebrará as ambiguidades percebidas, os enigmas e os paradoxos da experiência humana.”
 Ou seja, a religião afirma, ou ao menos reconhece: “a inescapabilidade da ignorância, da dor e da injustiça no plano humano” - “enquanto nega, simultaneamente, que essas irracionalidades sejam características do mundo como um todo.”

... e vestindo essas concepções com uma tal aura de fatualidade que...
 Como se chega a acreditar ? A QUESTÃO: “De que maneira um homem religioso muda de uma percepção inquieta de desordem experimentada para uma convicção mais ou menos estabelecida de ordem fundamental ? O que significa exatamente a crença num contexto religioso ?”
 “a crença religiosa não envolve uma indução baconiana da experiência cotidiana – do contrário, seríamos todos agnósticos – mas, ao contrário, uma aceitação prévia da autoridade que transforma essa experiência.”
 “O axioma básico subjacente naquilo que poderíamos talvez chamar de ‘perspectiva religiosa’ é o mesmo em todo o lugar: aquele que tiver de saber precisa primeiro acreditar.”

as disposições (moods) e motivações parecem singularmente realistas
 A perspectiva religiosa e suas diferenças em relação às perspectivas do senso comum, da ciência e da estética
 A definição de ritual (comportamento consagrado) e seu papel: operar a fusão do mundo vivido e do mundo imaginado, transformando o sentido de realidade
 A experiência religiosa como um exemplo de salto entre as províncias finitas de significado (Schutz); o caso do Bororo que se diz um periquito, o que isso significa em termos de uma perspectiva religiosa e em termos de uma perspectiva do senso comum e como a primeira altera e influencia a segunda
 Se a imbricação entre religião e senso comum é geral, o conteúdo é particular, varia de cultura para cultura, de religião para religião; não é possível fazer “uma avaliação geral do valor da religião em termos tanto morais quanto funcionais.”

III. (140-142) Conclusões e questões metodológicas :
- A importância da religião para o antropólogo: um modelo da atitude e um modelo para a atitude
- “O estudo antropológico da religião é, portanto, uma operação em dois estágios:”
i. “uma análise do sistema de significados incorporados nos símbolos* que formam a religião propriamente dita”
ii. “o relacionamento desses sistemas aos processos sócio-estruturais e psicológicos.”

4. Objetivo do texto (do artigo):
- Trata-se de uma proposta de renovação dos estudos antropológicos sobre a religião, que leve em conta não somente o relacionamento entre a religião e processos sócio-estruturais e psicológicos mas tenha como ponto de partida o estudo da religião como sistema simbólico.

5. Palavras-chave (ou conceitos centrais)
- Sistema
- Religião
- Símbolo
- Ethos
- Visão de mundo
- Moods
- Motivations
- Dispositions
- Padrões culturais
- Modelo de
- Modelo para
- Ritual

6. Métodos
- Depois de brevemente apontar uma lacuna na bibliografia, propõe uma nova definição de religião dividida em seis partes e passa a utilizar exemplos etnográficos das mais diversas origens para tentar explicitar e esclarecer melhor a sua definição.



7. Fontes utilizadas
- Material etnográfico variadíssimo, proveniente sobretudo de outras pesquisas de antropologia da religião. Alguns insights e conceitos do texto são provenientes de outras áreas do conhecimento, como a filosofia (S.Langer) e os estudos literários (K.Burke).

8. Conclusões do texto
- Ver item III da estrutura do texto acima.

9. Questões e críticas:
- As principais críticas à obra de Geertz em geral foram resumidas por Aletta Biersack (In: HUNT, Lynn (Org.) (1992). A nova História Cultural. São Paulo, Martins Fontes, pp.105-111):

i. "A falta de rigor metodológico de Geertz e os dilemas epistemológicos da estrutura original, a hermenêutica, deixa a análise cultural vulnerável aos céticos, que permanecem 'alérgicos', como disse Geertz 'a tudo que seja literário ou inexato'. Dada a natureza qualitativa da análise cultural, quais são as garantias de controle de qualidade oferecidas por Geertz além daquelas de seu próprio talento prodigioso ?”
ii. 'A incapacidade da teoria interpretativa de oferecer critérios para a avaliação de interpretações diferentes ou de paradigmas diferentes coloca um gigantesco obstáculo a suas pretensões de superioridade teórica'
iii. 'A tendência da descrição densa e da semiótica é de fortalecer impulso de esconder-se e de não tentar ligar as coisas. Isso acontece por aquilo que é uma força analítica - a atenção de Geertz à particularidade e o fato de ele voltar-se para a perspectiva do ator - constitui uma fragilidade em termos de síntese. A descrição densa leva a brilhantes leituras de situações, rituais e instituições, isoladamente. Não requer que se diga de que maneira os 'textos culturais' se relacionam uns com os outros ou com os processos gerais de transformação econômica e social.'
iv. "... a análise cultural de Geertz é tão estática quanto qualquer estruturalismo."
v. 'As culturas são teias de mistificação, bem como de significação. Precisamos perguntar quem cria e quem define os significados culturais, e com quais finalidades.' (...) 'mantém-se particularmente silencioso sobre o modo pelo qual os significados culturais sustentam o poder e o privilégio.'

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Recomendação acerca do texto de Geertz

Oi, pessoal, na aula de 6a. feira, 11 de setembro, terminamos o debate acerca do texto [2], de Lévi-Strauss, "O feiticeiro e sua magia". Na aula de 4a. feira, 16 de setembro, iremos começar a leitura do texto [3] de Clifford Geertz, "A religião como sistema cultural". Conforme dissemos em aula, há vários erros na tradução em português, por isso recomendamos conferir com o texto em inglês que se encontra na Pasta 240, referente a um outro curso (Antropologia para Historiadores, oferecido à Pós em 2009-I). De qualquer forma, anotem alguns problemas da tradução:

i. À p.107, linhas 5 e 6, falta um precioso "NÃO" na frase: "precisamente porque os processos geneticamente programados NÃO são tão generalizados nos homens"

ii. À p. 105, na 3a. linha, item (5), lê-se "as disposições e motivações"; aqui "disposições" é a tradução do termo em inglês "moods", mas à p.110, há o seguinte trecho no final do 2o. parágrafo: "elas induzem duas espécies de disposições um tanto diferentes: ânimo e motivação"; aqui a palavra "ânimo" é uma tradução do inglês "moods" do original;
O PROBLEMA É QUE À p.112, na 3a. linha, o mesmo termo em inglês, "moods", vai ser traduzido por "disposições", o que dá uma tremenda confusão pois "disposições" normalmente é a tradução de "dispositions". Ou seja, aqui vocês devem riscar disposições e colocar "ânimo" para que a tradução fique coerente. Isso acontece novamente à p.109, 5a. linha, quando "disposições" é novamente a tradução de "moods", que antes o autor traduzira por ânimo.

iii. À p.114, final do 1o. parágrafo, "eles são capazes de enfrentar um ou outro aspecto da experiência" mudar de "capazes" para "INcapazes", o que faz bastante diferença na compreensão do texto.

iv. À mesma p.112, na primeira linha do último parágrafo, leia-se "tumulto de acontecimentos" e não "tumulo" como está no texto.

Em suma, vale a pena tentar ler o texto em inglês ou ao menos consultá-lo nos pontos mais importantes.

um abraço,

Alvito

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Aula de 9 de setembro, 4a. feira


Oi, pessoal, depois de terminar de debater o texto de Durkheim na aula de 6a. feira (2 de setembro), na aula desta 4a. feira, 9 de setembro, iremos trabalhar o texto [2], de Lévi-Strauss, cujo esquema encontra-se abaixo:

LÉVI-STRAUSS,Claude.
[1985] “O feiticeiro e sua magia” (publicado originalmente em 1949) In:
Antropologia Estrutural. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro.2.ed. pp. 193-213.

1. Autor: Claude Lévi-Strauss (1908- )
- Filho de judeus (o pai era pintor), é criado em Paris e na juventude torna-se membro do Partido Socialista Francês. Forma-se em Filosofia e em Direito e é nomeado professor do liceu em 1931. Em 1935 parte para o Brasil para ser etnólogo, vindo a lecionar Sociologia na recém-fundada Universidade de São Paulo. No Brasil realiza suas primeiras investigações etnográficas. Volta à França em 1939 e em 1941 refugia-se nos Estados Unidos onde começa a ensinar na New School for Social Research. Ali toma contato com a Linguística, o que iria ser decisivo na elaboração da teoria estruturalista. Em 1949 publica Les Structures Élementares de la parenté e em 1950 é eleito para a Escola de Altos Estudos na cadeira de “Religiões dos povos não-civilizados”, depois “povos sem escrita”). Em 1955 publica Tristes Tropiques, livro que o torna célebre na França. Em 1958 é eleito para o Colégio de França na cadeira de Antropologia Social (aposenta-se em 1982) e em 1973 para a Academia Francesa.

2. Obra: Anthropologie Structurale, datada de 1958, é uma coletânea com
17 artigos de cunho sobretudo teórico-metodológico, afirmando as possibilidades da análise estrutural em antropologia.

3. Estrutura do texto
.1. Introdução e colocação da questão (pp.193-195)
Os 3 aspectos complementares da crença na magia:
i. crença do feiticeiro na eficácia das suas técnicas;
ii. crença da vítima no poder do feiticeiro;
iii. confiança da opinião pública;

.2. O episódio dos nambikwara (acontecido no Brasil em 1938) – as duas versões para o desaparecimento do feiticeiro (pp.195-198)

.3. Os Zuni do Novo México e o episódio do menino-adolescente que é acusado de enfeitiçar mocinha e elabora versões cada vez mais elaboradas de como ocorreu o feitiço (pp.199-202)

.4. Quesalid (fragmento de autobiografia) – Kwakiutl (Vancouver – Canadá) (pp.202-206) – de descrente a feiticeiro
De descrente a aprendiz de xamã, suspeitas confirmadas
Primeiro sucesso, ainda aprendiz, manutenção de uma atitude crítica
O sucesso junto a uma tribo vizinha e o desespero dos xamãs estrangeiros, primeiras dúvidas de Quesalid
O retorno à aldeia e o desafio vencido por Quesalid que implica na morte do velho xamã de um clã vizinho
Quesalid prossegue na carreira e torna-se menos radical no seu ceticismo, passando até a acreditar na existência de xamãs verdadeiros

.5. O complexo xamanístico e seus dois polos (pp.206-210)
Os 3 elementos do complexo xamanístico
Os dois polos do complexo xamanístico (i. a experiência íntima do xamã; ii. o consensus coletivo)
O espetáculo que o xamã oferece ao grupo: abreação (psicanálise)
A questão da relação entre os pensamentos normal e patológico e a necessária colaboração entre feiticeiro, doente e público para estabelecer uma situação de equilíbrio em que se elabora uma estrutura, um sistema de oposições

.6. Considerações finais – comparações (com o sistema científico, com a psicanálise (pp.211-213)
i. comparação entre o sistema xamanístico e o sistema científico
ii. comparação do sistema xamanístico e do papel da abreação no mesmo com a psicanálise
iii. lições para a psicanálise
iv. o significado das condutas mágicas

4. Objetivo do texto (do artigo):
- Trata-se de uma explicação (que o autor chega a afirmar na nota 4, p.195, ser de cunho mais psicológico do que sociológico) acerca da eficácia da magia, de como ela opera, das razões para o seu sucesso relativo. Um objetivo não-confessado ou ao menos colateral parece ser uma crítica à psicanálise.

5. Palavras-chave (ou conceitos centrais)
- Magia
- Feiticeiro
- Opinião coletiva
- Consensus
- Xamã
- Complexo ou sistema xamanístico
- Abreação
- Psicanálise

6. Métodos
- Parte da análise de três histórias fornecidas pela etnografia para buscar a elaboração de um sistema ou complexo xamanístico

7. Fontes utilizadas
- Material etnográfico de diversas procedências: morte por enfeitiçamento no Vodu, idem para um nativo australiano, investigação do próprio autor junto aos Nambikwara, Zuni do Novo México e Kwakiutl de Vancouver no Canadá.
- Estudos de cunho psico-fisiológico sobre os efeitos do medo e da cólera

8. Conclusões do texto
- A principal conclusão é a resposta que dá a Durkheim, superando a distinção que este fizera entre magia (individual) e religião (coletiva), ao mostrar que a magia do feiticeiro depende sobretudo da sua aceitação pelo grupo enquanto tal (p.208): “Quesalid não se tornou um grande feiticeiro porque curava seus doentes, ele curava seus dontes porque se tinha tornado um grande feiticeiro.”

9. Questões e críticas

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Aula de 2 de setembro - 4a. feira



Oi, pessoal, na 6a. feira ensinamos a fazer uma ficha bibliográfica de conteúdo (folha distribuída em sala) e começamos a debater o texto de Durkheim (texto [1] da bibliografia), o que iremos continuar a fazer na aula de 4a. feira, 2 de setembro. Eis o roteiro para o debate do texto:

DURKHEIM,Émile. As formas elementares de vida religiosa: o sistema totêmico na Austrália. São Paulo: Ed. Paulinas, 1989. Livro Primeiro, Capítulo 1: “Definição do fenômeno religioso e da religião”, pp. 53-79.
Esquema do texto

1. Autor: Émile DURKHEIM (1858-1917)
- Os pais de Émile Durkheim eram judeus e seu pai era rabino. Formou-se em Filosofia na prestigiosa École Normale Supérieure e depois de passar cinco anos como professor em liceus provinciais, foi professor de Ciências Sociais e Educação em Bordeaux (1887) e mais tarde de Sociologia e Educação em Paris. Ajudou a fundar o L’Anée sociologique que logo se tornou a mais importante revista acadêmica de sociologia da França. Foi um campeão da causa da Sociologia como a mais importante ciência social o que levou a polêmicas e inimizades. Procurou fazer avançar a sociologia tanto através de trabalhos monográficos (O Suicídio, A Divisão do Trabalho Social, As formas elementares de vida religiosa) como da redação de um importante manual As Regras do Método Sociológico (1895) em que propõe o conceito de “fato social”, que consiste em representações e ações exteriores às consciências individuais e portanto consistindo de uma realidade objetiva e não subjetiva e capaz de exercer uma ação coercitiva sobre as consciências individuais. Era moderadamente evolucionista, na verdade fazendo avançar uma posição que redundaria na escola funcionalista. Morre de derrame aos 59 anos de idade. Também foram publicados postumamente textos seus sobre o socialismo, a moralidade e a educação. Participou dos debates políticos da França do seu tempo marcada pelos ideais da democracia (com tendências socialistas), do secularismo e da ciência positiva

2. Obra: As formas elementares de vida religiosa
- Publicada em 1912, cinco anos antes da morte de Durkheim. Na verdade, usa o exemplo do totemismo australiano, escolhido devido à simplicidade (pressuposto evolucionista, ver exemplo de ficha bibliográfica de conteúdo) para chegar a conclusões gerais acerca do fenômeno religioso. As principais contribuições da obra residem na percepção da religião como um sistema, que envolve crenças e práticas (rituais) – sendo estas últimas mais importantes, na centralidade da oposição entre sagrado e profano e na reabilitação da religião como algo dotado de uma lógica própria, coerente e nada irracional, o que representou um enorme avanço. Em termos filosóficos, Durkheim pretendia demonstrar que a hipótese sociológica seria capaz de superar a dicotomia entre a explicação empirista e a nominalista (ou idealista).

3. Estrutura do texto
- O capítulo I da primeira parte “Definição do fenômeno religioso e da religião”, está dividido em 5 partes:
1. (53-54): Explica a importância de uma definição prévia de religião e do método a se seguir para chegar a essa definição, sendo necessário primeiramente examinar as definições usuais
2. (54-59): Primeira definição de religião: definida pelo sobrenatural e pelo misterioso. Refutação: a noção de mistério não é primitiva.
3. (60-67): Segunda definição de religião: em função da idéia de Deus ou de ser espiritual. Refutação: há religiões sem deuses (budismo p.ex.) e mesmo nas religiões deístas há ritos que não implicam em nenhuma idéia de divindade.
4. (67-74): Busca de uma definição positiva. Distinção entre crenças e ritos. Definição das crenças. Primeira característica: divisão bipartida das coisas em sagradas e profanas. Características distintivas dessa divisão. Definição dos ritos em função das crenças. Definição da religião.

4. Objetivo do texto (do livro como um todo):
- Ver exemplo de Ficha Bibliográfica de Conteúdo

5. Palavras-chave (ou conceitos centrais)
- Sistema
- Crenças
- Ritos
- Sagrado
- Profano
- Religião

6. Métodos
- A despeito da riqueza do material etnográfico, bem conhecido de Durkheim, ele parte de definições já buriladas em trabalhos anteriores para a partir delas encaixar o caso australiano como mera exemplificação. Ele usa pressupostos evolucionistas de que esta é a forma mais primitiva de religião, mas seu propósito é bem diferente dos evolucionistas clássicos, pois não está interessado em comparar e hierarquizar e sim chegar a uma definição do fenômeno religioso.

7. Fontes utilizadas
- Material etnográfico procedente dos estudos acerca do totemismo australiano
- História das religiões
- Debates filosóficos

8. Conclusões do texto
- A mais importante é a definição (p.79):
“religião é um um sistema solidário* de crenças e de práticas relativas a coisas sagradas, ou seja, separadas, proibidas; crenças e práticas que unem na mesma comunidade moral, chamada igreja, todos que a ela aderem.
“O segundo elemento que aparece na nossa definição não é menos essencial que o primeiro; pois, mostrando que a idéia de religião é inseparável da idéia de igreja, faz pressentir que a religião deve ser coisa eminentemente coletiva.”

9. Questões e críticas
- A maior parte dos críticos assinala não ter havido um verdadeiro estudo do sistema totêmico australiano, que embora descrito minuciosamente serve apenas para confirmar pré-concepções do autor acerca das relações entre indivíduo e sociedade(Kardiner & Preble, Lévi-Strauss). Radcliffe-Brown critica dois pontos da teoria totêmica de Durkheim: o totemismo fica reduzido à função de reforçar a ordem social e não explica o porquê da escolha de animais ou plantas.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Aula de 4a. feira, 26 de agosto e aula de 6a. feira

Oi, pessoal, nesta aula terminamos de ver o vídeo Santo Forte e finalizamos nosso debate introdutório sobre religião, aquecendo as turbinas para o debate teórico que começa nesta 6a. feira com o debate do capítulo 1 do importantíssimo livro de Durkheim, As formas elementares de vida religiosa.

um abraço,

Alvito

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Livro sobre Eduardo Coutinho e o famoso blog também


Oi, pessoal, na aula de hoje (21/9), passamos a primeira parte do filme do Coutinho. Os debates foram abertos com uma citação de uma entrevista do cineasta, passagem que se encontra no excelente livro de Consuelo Lins: O documentário de Eduardo Coutinho: televisão, cinema e vídeo, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, p.107:

"O diretor tenta compreender o imaginário do outro sem aderir a ele, mas também sem julgamento ou avaliações de qualquer ordem, ironias ou ceticismos, sem achar que o que está sendo dito é delírio, superstição ou loucura - 'O que o outro diz é sagrado'. Sabe também que o seu imaginário pode ser tão frágil quanto o do outro. 'Não houve gente que acreditou durante muito tempo que o paraíso era a Albânia e outros países? É tão mágico e crédulo quanto uma pessoa religiosa. Não vejo porque achar que é mais alienado quem acredita em outro mundo do que quem acredita em um paraíso na terra'."

e ainda outra ótima passagem à p.114, referente às histórias contadas pelas "personagens" do filme:

"Carla apanhava tanto dos santos que saía com o corpo dolorido e toda desarrumada do terreiro. Alex, católico e umbandista, ficou curado depois de ir à igreja universal. Ilusão, mentira, delírio impostura, falsidade? Santo Forte nos faz ver que não há como atribuir tais qualificativos a essas histórias."

e agora o endereço do famoso blog comentado em aula: http://www.eduardocoutinho.blogspot.com/

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

A próxima aula será na 416 do Bloco O - passaremos o vídeo Santo Forte, de Eduardo Coutinho


Nossa sala-de-aula é a 211 do Bloco N, mas na próxima aula (6a. feira, 21 de agosto, se os deuses permitirem) teremos a exibição do vídeo Santo Forte, de Eduardo Coutinho, na sala 516 do Bloco O. Até lá.

um abraço a tod@s,

Alvito

P.S: Todos os textos do curso já estão na Pasta 246. Alguns são disponíveis pela Internet, o link está na bibliografia, também postada neste blog.

Aula 01- 19/8 - Apresentação - A história da escravização narrada por um pai-de-santo cubano


Primeiro dia é dia de todos nós nos apresentarmos e dizermos porque estamos aqui. Fizemos nossa roda e eu abri com a narrativa de um "santero", um pai-de-santo cubano que escreveu o livro Los Secretos de la Santería em 1959, segundo ele com o propósito de "fazer desaparecer tanto disse-me-disse e superstições que andam sendo veiculadas por aqui, desde o século passado, acerca da religião Lucumí [ou Santería, bem próxima do Candomblé brasileiro e igualmente de origem iourubá]". Depois do prólogo em que dá esta explicação, ele abre o livro com um emocionante relato em que se põe na pele de um aldeão africano capturado e trazido como escravo, e que nos proporciona uma bela reflexão sobre o papel da religião para as populações escravas da Diáspora Africana:

“Meus deuses são meu único tesouro”

“Como você se sentiria, se fosse um simples homem do campo, com uma mentalidade primitiva, acostumado a uma vida simples e a guerrear somente para defender o que possui, se um dia, inesperadamente, fosse capturado por seus irmãos de raça ou por mercadores de escravos árabes ou brancos, o levassem acorrentado até o litoral e o maltratassem caso se queixasse ou caísse ou pedisse água? Qual seria a sua reação ao ver a maior canoa que já vira em sua vida? Como se sentiria ao ser embarcado na canoa deixando para trás a mulher, os filhos, o pai, os irmãos, a terra, os animais de trabalho, a terra cultivada? Em questão de horas ou de dias, você teria perdido tudo. Não é nada, não é ninguém, não tem nem nome. O marcaram com um número ou com um desenho, como se fosse gado.
Aonde o levam? Não o sabe. Ninguém sabe de nada. Você não entende a língua dos que manejam a canoa grande. Seu medo é imenso assim que os mais fracos começam a morrer no barco. Se assusta quando o fazem sair à parte superior da canoa e o deixam ali em cima, tomando sol e caminhando por horas. Onde está a terra? Por que só há mar em todas as direções? Aonde vão?
Quando baixa ao fundo da canoa e o acorrentam novamente, você está a sós com os seus pensamentos e o seu medo. Para não pensar, chora como uma criança. E para arrancar seu medo se apega a seus deuses: Xangó, Obatalá, Orunmilá – seus deuses, tão apaixonados, tão humanos! – porque eles são agora seu único sustentáculo. Desde então você está apegado a eles, para não deixar de ser quem é: africano, iorubá e, no passado, um homem livre.”


Fonte: EFUNDÉ, Agún, (1996) Los secretos de la Santería. Miami, Ediciones Universal.3.ed. p.11. Trecho traduzido por Marcos Alvito

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

PROGRAMA DO CURSO

UFF/CEG/ICHF/ Depto. de História
Professor: Marcos Alvito
História e Antropologia das Religiões Afro-Brasileiras
Objetivos: o curso está dividido em duas partes. Inicialmente trabalharemos conceitos fundamentais para a compreensão do fenômeno religioso. Na 2a. parte, estudaremos as duas modalidades principais de religiões afro-brasileiras: a umbanda e o candomblé.

Materiais disponíveis em: http://umbanda-candomble.blogspot.com/ e na Pasta 246

Unidade I. Debates teóricos
- O sagrado e o profano
- Religião e magia
- Definindo religião

Unidade II. O processo histórico de formação das religiões afro-brasileiras
- Religiões africanas e mundo atlântico
- Religiões dos escravos no Rio de Janeiro

Unidade III: Religiões afro-brasileiras
- Umbanda
- Candomblé

Trabalhos: serão entregues dois trabalhos escritos obrigatórios, a saber:

I. uma resenha OBRIGATÓRIA (4 a 5 pp.) sobre a definição de religião. Leituras 1, 2 e 3. (Unidade I)

II. uma segunda resenha (4 a 5 pp.), a escolher entre:

- Unidade II, leituras (4 e 5)
e
- Unidade III, leituras (6 e 7)

Avaliação: A nota final, será atribuída através de uma avaliação, por parte do professor, do desempenho do aluno em termos de frequência, participação nos debates e qualidade dos trabalhos apresentados (orais e escritos).

Sobre as resenhas: A resenha é um comentário crítico acerca do(s) texto(s), NÃO É UM RESUMO ponto a ponto. Recomenda-se elaborar uma reflexão acerca de um tema central do(s) texto(s) em questão, se for possível confrontando autores e fazendo comentários próprios. Podem-se utilizar outros autores além da bibliografia obrigatória e recomendada. Ser criativo é valorizado.


Sobre os debates coordenados: os grupos terão no máximo 3 componentes. Na primeira parte da aula, apresentam os pontos principais do texto (sem resumir todo o texto, pois este também foi lido pela turma) e levantam questões (50min.) Segue-se um intervalo (10min) e depois há o Debate propriamente dito (50min), iniciado pelos comentadores (no máximo 2) que terão cerca de 5 minutos cada um para colocar outras questões (podem buscar inspiração nas leituras de apoio). O grupo responsável pelo DC deve trazer um esquema do texto, a ser distribuído à turma.



CRONOGRAMA dos DEBATES COORDENADOS


Leitura [4] : (2/10): “Religiões africanas e o cristianismo no mundo atlântico”, THORNTON, John, 2004:312-354


Leitura [5]: (21/10): “Participação em grupos sociais e religiosos”, KARASCH, Mary, 2000:341-396


Leitura [6]: (30/10): Umbanda. MAGNANI,José Guilherme Cantor, São Paulo, Ática, 1986. (Série Princípios)


Leitura [7]: A galinha d’angola: iniciação e identidade na cultura afro-brasileira. VOGEL,Arno, MELLO,Marco Antonio da Silva e BARROS,José F. Pessoa de, Rio de Janeiro:Pallas,1998.2.ed.

Cap. 1: (6/11): “O mercado – a dimensão sociológica e cosmológica de uma lição-de-coisas”, pp. 5-29.


Cap. 2: (11/11): “Borí – a divina proporção”, pp. 31-66.


Cap. 3: (13/11): “Orùko – o animal cerimonial”, pp. 67-119


Cap. 4: (18/11): “Romaria – porque o iaô tem de ir à missa”, pp. 121-168


Cap. 5: (25/11): “Mirabilia Meleagrides ou, os efeitos e a seita”, pp. 169-177.

CRONOGRAMA das leituras do curso

HISTÓRIA E ANTROPOLOGIA DAS RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS
Obs: Os textos com numeração simples: [1] Durkheim, são os textos OBRIGATÓRIOS. Os textos com número seguido de letra: [3c] Bourdieu, são textos COMPLEMENTARES cuja leitura é recomendada.
DC= Debate Coordenado

01 19 ago Apresentação do curso e dos alunos

02 21 ago Santo Forte – vídeo e debate

03 26 ago Santo Forte – vídeo e debate

04 28 ago [1] Durkheim,1989: 51-79, (aula expositiva)

05 02 set Durkheim (aula expositiva)

06 04 set Durkheim (aula expositiva)

07 09 set [2] Lévi-Strauss,1985:193-213 (aula expositiva) /// [2b] Idem: 215-
236

08 11 set LST (aula expositiva)

09 16 set [3] Geertz,1989: 101-142 (aula expositiva) /// [3b] Idem: 143-159

10 18 set Geertz (aula expositiva)

11 23 set Geertz (aula expositiva) /// [3c] Bourdieu,1982: 27-98

12 25 set TRABALHO 1 (OBRIGATÓRIO) – data de entrega
Apresentação e debate das resenhas

13 30 set Cont. Apresentação e debate das resenhas

14 02 out [4] Thornton,2002:312-354 DC

07 e 09 out Ida a Congresso de História Oral

15 14 out Idem

16 21 out [5] Karasch,2000: DC, 341-396

17 23 out TRABALHO 2 – data de entrega –
Apresentação e debate das resenhas

18 28 out Cont. Apresentação e debate das resenhas

19 30 out [6] Magnani,1986: todo o livro. DC

20 04 nov Magnani DC /// [6b] Birman,1985, todo.

21 06 nov [7] Galinha d’Angola cap. 1 DC / [7b] Prandi,1996,1- 49

22 11 nov Galinha d’Angola cap. 2 DC

23 13 nov Galinha d’Angola cap. 3 DC

24 18 nov Galinha d’Angola cap. 4 DC

25 25 nov Galinha d’Angola cap. 5 DC

26 27 nov Izu Aganju Tombeici – Vídeo e debate, leitura complementar: ALVITO,2001:capítulo 5.

27 02/12 TRABALHO 3 – data de entrega -
Apresentação e debate das resenhas

28 04/12 Cont. Apresentação e debate das resenhas

29 09/12 Idem

30 11/12 Avaliação do curso

BIBLIOGRAFIA do curso

BIBLIOGRAFIA do curso
HISTÓRIA E ANTROPOLOGIA DAS RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS
Marcos Alvito – 2009 - II

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