terça-feira, 1 de setembro de 2009

Aula de 2 de setembro - 4a. feira



Oi, pessoal, na 6a. feira ensinamos a fazer uma ficha bibliográfica de conteúdo (folha distribuída em sala) e começamos a debater o texto de Durkheim (texto [1] da bibliografia), o que iremos continuar a fazer na aula de 4a. feira, 2 de setembro. Eis o roteiro para o debate do texto:

DURKHEIM,Émile. As formas elementares de vida religiosa: o sistema totêmico na Austrália. São Paulo: Ed. Paulinas, 1989. Livro Primeiro, Capítulo 1: “Definição do fenômeno religioso e da religião”, pp. 53-79.
Esquema do texto

1. Autor: Émile DURKHEIM (1858-1917)
- Os pais de Émile Durkheim eram judeus e seu pai era rabino. Formou-se em Filosofia na prestigiosa École Normale Supérieure e depois de passar cinco anos como professor em liceus provinciais, foi professor de Ciências Sociais e Educação em Bordeaux (1887) e mais tarde de Sociologia e Educação em Paris. Ajudou a fundar o L’Anée sociologique que logo se tornou a mais importante revista acadêmica de sociologia da França. Foi um campeão da causa da Sociologia como a mais importante ciência social o que levou a polêmicas e inimizades. Procurou fazer avançar a sociologia tanto através de trabalhos monográficos (O Suicídio, A Divisão do Trabalho Social, As formas elementares de vida religiosa) como da redação de um importante manual As Regras do Método Sociológico (1895) em que propõe o conceito de “fato social”, que consiste em representações e ações exteriores às consciências individuais e portanto consistindo de uma realidade objetiva e não subjetiva e capaz de exercer uma ação coercitiva sobre as consciências individuais. Era moderadamente evolucionista, na verdade fazendo avançar uma posição que redundaria na escola funcionalista. Morre de derrame aos 59 anos de idade. Também foram publicados postumamente textos seus sobre o socialismo, a moralidade e a educação. Participou dos debates políticos da França do seu tempo marcada pelos ideais da democracia (com tendências socialistas), do secularismo e da ciência positiva

2. Obra: As formas elementares de vida religiosa
- Publicada em 1912, cinco anos antes da morte de Durkheim. Na verdade, usa o exemplo do totemismo australiano, escolhido devido à simplicidade (pressuposto evolucionista, ver exemplo de ficha bibliográfica de conteúdo) para chegar a conclusões gerais acerca do fenômeno religioso. As principais contribuições da obra residem na percepção da religião como um sistema, que envolve crenças e práticas (rituais) – sendo estas últimas mais importantes, na centralidade da oposição entre sagrado e profano e na reabilitação da religião como algo dotado de uma lógica própria, coerente e nada irracional, o que representou um enorme avanço. Em termos filosóficos, Durkheim pretendia demonstrar que a hipótese sociológica seria capaz de superar a dicotomia entre a explicação empirista e a nominalista (ou idealista).

3. Estrutura do texto
- O capítulo I da primeira parte “Definição do fenômeno religioso e da religião”, está dividido em 5 partes:
1. (53-54): Explica a importância de uma definição prévia de religião e do método a se seguir para chegar a essa definição, sendo necessário primeiramente examinar as definições usuais
2. (54-59): Primeira definição de religião: definida pelo sobrenatural e pelo misterioso. Refutação: a noção de mistério não é primitiva.
3. (60-67): Segunda definição de religião: em função da idéia de Deus ou de ser espiritual. Refutação: há religiões sem deuses (budismo p.ex.) e mesmo nas religiões deístas há ritos que não implicam em nenhuma idéia de divindade.
4. (67-74): Busca de uma definição positiva. Distinção entre crenças e ritos. Definição das crenças. Primeira característica: divisão bipartida das coisas em sagradas e profanas. Características distintivas dessa divisão. Definição dos ritos em função das crenças. Definição da religião.

4. Objetivo do texto (do livro como um todo):
- Ver exemplo de Ficha Bibliográfica de Conteúdo

5. Palavras-chave (ou conceitos centrais)
- Sistema
- Crenças
- Ritos
- Sagrado
- Profano
- Religião

6. Métodos
- A despeito da riqueza do material etnográfico, bem conhecido de Durkheim, ele parte de definições já buriladas em trabalhos anteriores para a partir delas encaixar o caso australiano como mera exemplificação. Ele usa pressupostos evolucionistas de que esta é a forma mais primitiva de religião, mas seu propósito é bem diferente dos evolucionistas clássicos, pois não está interessado em comparar e hierarquizar e sim chegar a uma definição do fenômeno religioso.

7. Fontes utilizadas
- Material etnográfico procedente dos estudos acerca do totemismo australiano
- História das religiões
- Debates filosóficos

8. Conclusões do texto
- A mais importante é a definição (p.79):
“religião é um um sistema solidário* de crenças e de práticas relativas a coisas sagradas, ou seja, separadas, proibidas; crenças e práticas que unem na mesma comunidade moral, chamada igreja, todos que a ela aderem.
“O segundo elemento que aparece na nossa definição não é menos essencial que o primeiro; pois, mostrando que a idéia de religião é inseparável da idéia de igreja, faz pressentir que a religião deve ser coisa eminentemente coletiva.”

9. Questões e críticas
- A maior parte dos críticos assinala não ter havido um verdadeiro estudo do sistema totêmico australiano, que embora descrito minuciosamente serve apenas para confirmar pré-concepções do autor acerca das relações entre indivíduo e sociedade(Kardiner & Preble, Lévi-Strauss). Radcliffe-Brown critica dois pontos da teoria totêmica de Durkheim: o totemismo fica reduzido à função de reforçar a ordem social e não explica o porquê da escolha de animais ou plantas.

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