terça-feira, 8 de setembro de 2009

Aula de 9 de setembro, 4a. feira


Oi, pessoal, depois de terminar de debater o texto de Durkheim na aula de 6a. feira (2 de setembro), na aula desta 4a. feira, 9 de setembro, iremos trabalhar o texto [2], de Lévi-Strauss, cujo esquema encontra-se abaixo:

LÉVI-STRAUSS,Claude.
[1985] “O feiticeiro e sua magia” (publicado originalmente em 1949) In:
Antropologia Estrutural. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro.2.ed. pp. 193-213.

1. Autor: Claude Lévi-Strauss (1908- )
- Filho de judeus (o pai era pintor), é criado em Paris e na juventude torna-se membro do Partido Socialista Francês. Forma-se em Filosofia e em Direito e é nomeado professor do liceu em 1931. Em 1935 parte para o Brasil para ser etnólogo, vindo a lecionar Sociologia na recém-fundada Universidade de São Paulo. No Brasil realiza suas primeiras investigações etnográficas. Volta à França em 1939 e em 1941 refugia-se nos Estados Unidos onde começa a ensinar na New School for Social Research. Ali toma contato com a Linguística, o que iria ser decisivo na elaboração da teoria estruturalista. Em 1949 publica Les Structures Élementares de la parenté e em 1950 é eleito para a Escola de Altos Estudos na cadeira de “Religiões dos povos não-civilizados”, depois “povos sem escrita”). Em 1955 publica Tristes Tropiques, livro que o torna célebre na França. Em 1958 é eleito para o Colégio de França na cadeira de Antropologia Social (aposenta-se em 1982) e em 1973 para a Academia Francesa.

2. Obra: Anthropologie Structurale, datada de 1958, é uma coletânea com
17 artigos de cunho sobretudo teórico-metodológico, afirmando as possibilidades da análise estrutural em antropologia.

3. Estrutura do texto
.1. Introdução e colocação da questão (pp.193-195)
Os 3 aspectos complementares da crença na magia:
i. crença do feiticeiro na eficácia das suas técnicas;
ii. crença da vítima no poder do feiticeiro;
iii. confiança da opinião pública;

.2. O episódio dos nambikwara (acontecido no Brasil em 1938) – as duas versões para o desaparecimento do feiticeiro (pp.195-198)

.3. Os Zuni do Novo México e o episódio do menino-adolescente que é acusado de enfeitiçar mocinha e elabora versões cada vez mais elaboradas de como ocorreu o feitiço (pp.199-202)

.4. Quesalid (fragmento de autobiografia) – Kwakiutl (Vancouver – Canadá) (pp.202-206) – de descrente a feiticeiro
De descrente a aprendiz de xamã, suspeitas confirmadas
Primeiro sucesso, ainda aprendiz, manutenção de uma atitude crítica
O sucesso junto a uma tribo vizinha e o desespero dos xamãs estrangeiros, primeiras dúvidas de Quesalid
O retorno à aldeia e o desafio vencido por Quesalid que implica na morte do velho xamã de um clã vizinho
Quesalid prossegue na carreira e torna-se menos radical no seu ceticismo, passando até a acreditar na existência de xamãs verdadeiros

.5. O complexo xamanístico e seus dois polos (pp.206-210)
Os 3 elementos do complexo xamanístico
Os dois polos do complexo xamanístico (i. a experiência íntima do xamã; ii. o consensus coletivo)
O espetáculo que o xamã oferece ao grupo: abreação (psicanálise)
A questão da relação entre os pensamentos normal e patológico e a necessária colaboração entre feiticeiro, doente e público para estabelecer uma situação de equilíbrio em que se elabora uma estrutura, um sistema de oposições

.6. Considerações finais – comparações (com o sistema científico, com a psicanálise (pp.211-213)
i. comparação entre o sistema xamanístico e o sistema científico
ii. comparação do sistema xamanístico e do papel da abreação no mesmo com a psicanálise
iii. lições para a psicanálise
iv. o significado das condutas mágicas

4. Objetivo do texto (do artigo):
- Trata-se de uma explicação (que o autor chega a afirmar na nota 4, p.195, ser de cunho mais psicológico do que sociológico) acerca da eficácia da magia, de como ela opera, das razões para o seu sucesso relativo. Um objetivo não-confessado ou ao menos colateral parece ser uma crítica à psicanálise.

5. Palavras-chave (ou conceitos centrais)
- Magia
- Feiticeiro
- Opinião coletiva
- Consensus
- Xamã
- Complexo ou sistema xamanístico
- Abreação
- Psicanálise

6. Métodos
- Parte da análise de três histórias fornecidas pela etnografia para buscar a elaboração de um sistema ou complexo xamanístico

7. Fontes utilizadas
- Material etnográfico de diversas procedências: morte por enfeitiçamento no Vodu, idem para um nativo australiano, investigação do próprio autor junto aos Nambikwara, Zuni do Novo México e Kwakiutl de Vancouver no Canadá.
- Estudos de cunho psico-fisiológico sobre os efeitos do medo e da cólera

8. Conclusões do texto
- A principal conclusão é a resposta que dá a Durkheim, superando a distinção que este fizera entre magia (individual) e religião (coletiva), ao mostrar que a magia do feiticeiro depende sobretudo da sua aceitação pelo grupo enquanto tal (p.208): “Quesalid não se tornou um grande feiticeiro porque curava seus doentes, ele curava seus dontes porque se tinha tornado um grande feiticeiro.”

9. Questões e críticas

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